segunda-feira, 30 de abril de 2012

DR


Por Joyce Figueiró
Certo dia uma amiga me convidou pra ir a um barzinho. Disse que tava cheia de novidades e prometeu me contar, nos mínimos detalhes.
                Nos encontramos no local e horário combinado. Foram quinze minutos de formalidades sociais , mas como sou curiosa, fui logo pro assunto.
                - Então, me conta.
                – Contar o que?
                - Oras, o que você disse que me contaria.
                – Ah sim, claro. Então, eu acabei de ter uma DR.
                – Ham? Como assim?
                – DR, ué. Discuti um relacionamento.
                – Eu sei o que é DR.
                – Então, resolvemos dar um tempo.
                - E desde quando você tava namorando? Não me contou.
                – Longa história.
                - Mas não é isso que você ia me contar?
                – Sim, mas é complicado.
                - Como assim? Você está me deixando confusa.
                – Na verdade, eu estou confusa.
                - Claro, isso é normal depois de dar um tempo em um relacionamento… peraí, que relacionamento? Não me enrola!
                – Relacionamento? O meu, oras! Ou melhor, o que falaram que eu tava tendo.
                - Ham? Como assim falaram?
                – Falaram que eu tava namorando, ué.
                - E você não tava?
                – Não sei.
                - Caramba! Você tá me deixando maluca! Ou será que você tá maluca?
                – Não, eu não. O povo que tá.
                - Que povo?
                – O povo que falou que eu tava namorando.
                - Então você não tava namorando mesmo?
                – Eh, acho que não.
                - Então por que você teve a DR?
                – Ai amiga, isso é óbvio. Eu tinha que terminar com o carinha de algum jeito.
                - Mas você não tava namorando com o carinha pra terminar com ele!!!!!!!!
                – Mesmo assim, tive que terminar pra não gerar dúvidas. Então fui lá e falei com ele.
                - E ele?
                – Ficou surpreso também.
                - Ele não sabia que vocês estavam namorando? Quer dizer, que o povo tava falando que vocês namoravam?
                 - Acho que não. Mas ele ficou chateado.
                - Claro, eu também ficaria. Odeio quando fazem fofoca com meu nome.
                – Mas não foi por isso.
                - Então por que ele ficou chateado?
                – Porque ele odeia DR’s, finais de relacionamentos e coisas do tipo.
                - Mas se não existia relacionamento, não foi um término! NÃO CONSEGUE ENTENDER ISSO?
                – Ih, você tá nervosinha, calma. Não dizem que “a voz do povo, é a voz de Deus”? Então, claro que existia um relacionamento. A gente só não sabia e quando ficamos sabendo, tivemos que terminar.
                - Você tá maluca!
                – Maluca, não. Tô triste!!
                – Triste por quê? Vai me dizer que tá triste porque terminou um relacionamento que não existia?
                – Não é por isso. Tô triste porque, se eu soubesse que tava namorando poderia ter aproveitado mais. Dei mole!
                – Acho que vou pedir uma dose de vodka.

Joyce Figueiró