Minha tia foi a primeira a matar a charada. Confesso que eu nem desconfiava quando ela soltou um: “é óbvio!”. “Mas óbvio por quê?”, perguntei. Ela não o conhecia, ela não conhecia ninguém da turma, não sabia quantos eram os homens, nem as mulheres. Eu só tinha falado, no meu jeito eufórico, as coisas básicas: tem um jornalista, tem professora, tem astróloga, veterinária, assistente social, tem uma moça tímida e tem um senhor muito simpático que deve ser como eu. “Sabe quando eu me empolgo com algo que gosto, tia? Quando leio o mesmo livro várias vezes, vejo repetidas vezes um filme... “ Ela sabe, sabe tudinho sobre a minha pessoas e meus anseios. “Mas por que ele é como você?”, ela perguntou. “Uai, acredita que ele tá fazendo a oficina pela terceira vez? Estou empolgada, deve ser muito boa.” Isso foi tudo que contei no primeiro dia. E foi o suficiente.
Quem começou com essa brincadeira foi o Luigi! Colocou-me logo no jogo dele. Uma hora antes da segunda aula, eu era apenas uma menina ansiosa, depois que ele chegou, torne-mei aprendiz de Sherlock Holmes. Na verdade bem verdadeira, quem começou mesmo foi o Felipe – “que diacho esse treco de pseudônimos, sô?”. Mas agora que já me acostumei, até que o perdoo. Assim como perdoei o Luigi...
Primeiro a história da “Ia Tan”. “Você não sabe quem é a Ia Tan? Mas não é óbvio?!”.Ai me senti uma burra naquela hora. O que era tão óbvio que eu não tinha percebido? Cadê o meu raciocínio lógico adquirido depois de três anos de matemática? “Tânia, quem é Tânia?” Ele perguntou. Pois é, tinha uma Tânia na sala. Sim, concordo com você leitor, sabendo disso agora tudo ficou óbvio. Mas eu não sabia, poxa! O Luigi sabia, ele sabe de tudo, é um detetive de primeira – tem todos os nossos nomes, sobrenomes, profissões e interesses.
Qualquer movimento, qualquer comentário, qualquer expressão facial virou motivo para suspeitas. Todos entraram na brincadeira. Eram acusações pra lá, outras cá... E foi em uma dessas que o Daniel me enganou. Ele apontou para mim, olhou firme nos meus olhos e soltou um: “Eu sei quem é você!” Caramba! Ele pareceu saber mesmo! Mas se todos achavam que eu era o Eduardo, menos o Daniel, então só podia ser ele o matemático maluco. Cheque Mate! Eu estava enganada!
As peças se encaixaram, mas desde antes eu já podia ver um “troféu grafite de ouro” na testa do Alexandre. Pensei que eu fosse andar de metrô com o Gomes Braga na última terça. Estava tudo certo. Ele estava andando comigo pela Marquês de Abrantes, atravessou a rua e quando eu pensei que ele iria entrar junto no metrô, ele desviou. Deu uma desculpa boba, tudo tática para me distrair. Se ele quis ser tão discreto assim, então porque deixou o blog “crônica da semana”, assinado por Alexandre Vicente, logado quando comentou nossas crônicas? Que vacilo, uma verdadeira canelada!
E a Sanfer? Ah, fala sério! Vocês não conseguem perceber as metáforas que saem do sorriso e da serenidade da voz da Raquel? É ela! Não tenho dúvidas. Quer dizer, tenho. Até porque, como dizem: “a dúvida é a única certeza que temos”. Mas eu desconfiava e, para ajudar, o Peregrino ainda fez um comentário no primeiro texto da Sanfer falando que ela tinha o “domínio da língua portuguesa”. Quem poderia ter tal domínio? É lógico! Uma moça das Letras!
Toda vez que leio o texto do sagrado aquário, imagino a Iohana “num papo sério” com o tal santo. Ela é a Flora Zahra com aquele sorriso tímido e cachos no cabelo. Não tenho outro argumento além da minha intuição. Espero que ela não falhe! (Risos) Também não venha me perguntar por que, mas desde a segunda aula eu cismei que a Ana Letícia é a Laranjinha. Ela tem cara Laranja, mas no diminutivo! Não quero dizer que você tem casca grossa ou gosto azedo, amiguinha, não me leve a mal. Pelo contrário, você é doce... Docinha!
O Fever, como disse a Sanfer, foi passear junto com a personagem do seu primeiro e único texto. Digo, com 99% de certeza, que ele é o Ricardo. E, seguindo esta mesma linha de raciocínio, temos a Hortênsia e a Victor Goes que não postaram textos essa semana, mas, “por pura coincidência”, duas coleguinhas faltaram na aula passada: a Marta e a Rosa. Logo, uma é um e a outra é a outra. Assim sendo, com 50% de chance de acerto, chuto: Marta é o Victor Goes.
O Tonico, o Peregrino e o Paulo fizeram uma confusão gigante na minha cabeça! Fiquei brincando de fazer combinações de nomes com pseudônimos. No início eu achava que o Tárcio era a criança com pensamentos futuristas e imaginei o Daniel mandando a mulher parar de encher o saco com a história da conta. Então me sobrou a Angela com o Tonico. Reli quase todos os textos e comentários e mudei tudo. Um pouquinho de análise combinatória me levou em 6 maneiras distintas, mas com probabilidade 1/3 ou aproximadamente 33% decidi que o Tárcio era o Paulo e a Angela o Peregrino. Por falar em matemática, que título foi esse: “Dois Pierre ao quadrado é poliedro pra cateto, Eduardo!”?! Genial! Isso é coisa do Tunico, digo, do Daniel!
Vocês conseguiram fazer uma bagunça na matemática de fazer inveja em qualquer pós-doutorando de Princeton. Geniais! Cada detalhe – coerente ou não – teve um charme particular dentro de cada texto. (Eu jamais poderia fazer essas brincadeiras em outro lugar, porque milhares de aspirantes a matemáticos tentariam me oprimir). Mas aqui a gente pode tudo! Culpa da tal licença poética que, diga-se de passagem, a gente usa e abusa dela.
Eu não percebi o que minha tia já sabia... O Matemático Esquizofrênico? É óbvio, não? Elementar, meu caro Luigi!
Joyce do Balaio ou seria melhor Menina de Figueiró?
p.s.: Pra quem leu e não entendeu nadicas, explico: Eu participei de uma oficina de crônicas na Estação das Letras, e todos os participantes tinham que postar um texto por semana usando um pseudônimo. Foram 4 semanas de mistério, todo mundo curioso. E hoje foi a revelação. Confesso que errei quase todos os meus palpites acima. hahaha Só acertei o Eduardo, a Ia Tan, o Gomes Braga e o Daniel.